O dragão da inflação tem demorado mais para aparecer. O problema é que ele não desaparece de vez. Para ver, basta irmos ao supermercado que a sombra do “coisa ruim” nos persegue. Compramos os mesmos produtos todos os meses e vemos que nunca há uma tendência de queda. Itens básicos, por exemplo, como arroz, feijão, macarrão, óleo e açúcar, entre outros, não nos favorece com preços menores, apesar de vivermos um momento de colheitas recordes.
Guido Mantega e Dilma Rousseff poderiam fazer a compra do mês em conjunto com um morador para conhecer exatamente como é a inflação real, diferentemente de somente divulgar dados estatísticos. Eles poderiam notar que temos o custo de vida mais alto do País, seja pelos preços abusivos e pelas poucas opções de produtos dentro de cada segmento.
O ministro da Fazenda e a presidenta iam ver que um quilo de açúcar custa mais de R$ 2,00 e um quilo de feijão chega a ter preços de R$ 7,00 ou mais. Nossa presidenta deveria se reunir com produtores, caminhoneiros, responsáveis pelos portos, como o de Santos, e com representantes da própria população.
Pagamos impostos escorchantes, mas não sabemos para onde o dinheiro vai. Da mesma forma, compramos produtos caríssimos sem termos a explicação para isso. Tudo deveria ser muito transparente, até para não ajudarmos a inflação subir. Sim, porque se não questionamos aquilo que pagamos, quem vende poderá achar que o consumidor não se importa com o quanto está pagando.
Enquanto isso, nossa produção de grãos estraga nas rodovias. Como nossos sistemas ferroviário e hidroviário de distribuição da safra praticamente não existem, pagamos o diesel, os pedágios, pneus e a manutenção de todos os caminhões. Ou seja, somos ridiculamente ineficientes por um lado e, paradoxalmente, por outro, donos de projetos de produção de sucesso no Brasil e no exterior.
Vejam o caso do café. Exportamos vários tipos de grãos refinados, bebemos o que sobrou, mas pagamos o preço da bebida servida em países de primeiro mundo. Sendo assim, do que adianta termos bens e serviços dos mais variados, se somos aviltados em nossos bolsos. Querem um exemplo, dentre vários? Prestem atenção em quantas taxas são cobradas em suas contas no banco, seja por mês ou por ano. E quais vantagens as agências oferecem aos clientes? Poucas.
Muitos preços aumentam sob o pretexto de que a matéria-prima subiu. Por isso, lá na ponta, com o produto pronto, não consigo comprar hoje o que conseguia adquirir antes. Com certeza a equipe econômica de Dilma Rousseff terá muito trabalho pela frente. Contudo, para alcançar resultados, a atitude dos economistas deverá estar emparelhada com a transparência de todos os setores da economia.
Quem produz carros, bens duráveis, roupas, combustíveis, utensílios, produtos de beleza, entre outros, deveria ser convidado a participar de reuniões constantes com o governo federal. A presidenta Dilma e sua equipe estão tentando encontrar soluções para reduzir o avanço inflacionário, porém utiliza-se de medidas pouco ortodoxas. Inflação não é brinquedo e conhecemos muito bem. Até porque não sabemos a quantidade de fome do dragão atualmente. Só vemos que ele é sorrateiro e guarda forças para tentar gerar o caos. É melhor a nossa presidenta não pagar para ver. De pelo menos um ano para cá nossos índices inflacionários têm mais variações para o alto do que para baixo. Portanto, abre o olho ministro Mantega!