O desespero está batendo à porta de todos e a realidade é uma só: a água não é um recurso infindável como muita gente pensava. A crise assola praticamente todos os municípios do Estado de São Paulo e atinge a outros Estados também, como Minas Gerais, por exemplo.
Com o problema instalado e a água tendo o mesmo peso do ouro em algumas regiões, é hora de acordar para a realidade, pois parece que muitas pessoas ainda não se aperceberam da gravidade da situação.
Como teremos de economizar cada vez mais, o bom senso e a criatividade terão de fazer parte da rotina, como escovar os dentes, com um copo de água, e tomar banho, de cinco minutos.
Não há mais para onde fugir e todos terão de ter consciência e buscar alternativas para amenizar o problema. Como a chuva está programada para os próximos dias, é importante que se tenha algo ou algum local para armazenar água. Pois quando ela for embora, não sabemos quando os céus irão nos ajudar novamente.
Já vimos que para as autoridades de São Paulo tudo está sob controle e teremos o abastecimento garantido até março de 2015. No entanto, para quem acorda às 5 horas e só volta para casa às 23h30, depois da faculdade, a circunstância é outra.
Então não dá para cruzar os braços e apelar para São Pedro. Seja pela construção de poços artesianos ou contratação de caminhões-pipa, a sociedade terá de se precaver. Basta observar o que vem ocorrendo nos supermercados. A cada carrinho de compras as pessoas levam, pelo menos, dois galões de cinco litros de água. Garrafas de um litro ou de 500 ml são poucas.
Com o passar do tempo o produto será cada vez mais escasso e a disputa pela água aumentará. Uns podem achar a afirmação exagerada, mas já há quem queira fazer acordo com prédios residenciais para que aquela água retirada do lençol freático seja dividida com a vizinhança.
O momento é delicado, contudo não devemos perder a razão. Já que admitimos a crise, temos de pensar na qualidade da água que iremos dar para nossa família. Em muitos locais existem variadas contaminações no solo. No caso dos caminhões-pipa, muitas empresas não tem infraestrutura para oferecer um serviço adequado. Inclusive há locais em que empresários mal-intencionados reaproveitam tanques de combustível para colocar água.
Não há como fechar os olhos para quem se aproveita da dor alheia. Como o problema irá se estender nos próximos três ou cinco anos, quando os reservatórios deverão estar recuperados, a população terá de ser inteligente e adotar uma postura de economia que é comum em muitos países europeus.
Os recursos naturais estão se esvaindo e o planeta dá vários sinais de estafa, apesar de ainda sermos privilegiados. Então, se muitas florestas nos protegem, de certa forma, e rios conservam muitos Estados no Brasil, São Paulo tem de mostrar o exemplo de capacidade de sobrepor a conjuntura atual.
A população terá de parar de pensar como se o Estado fosse o “paizão”, pois realmente não é. Estamos vendo que a questão é urgente, mas as propostas de solução, como interligação de mais reservatórios, por exemplo, deverão surgir só na metade ou final de 2015. Sendo assim, mesmo com as chuvas previstas para os próximos meses, não dá para crer em alívio.
Se começarmos um plano de contenção de gastos consciente agora, em cinco ou dez anos teremos condições de favorecer mais produtores rurais, indústrias e prestadores de serviços. De imediato, é melhor pensarmos no pior para não sofrermos tanto. Isso porque sabemos que junto com a falta de água virá a de energia também.