A partir de segunda-feira, dia 6, bares e restaurantes voltarão a ser reabertos por quatro dias da semana, durante seis horas, como parte da ação de flexibilização da quarentena. Para que a ação ocorresse, o governo do Estado esperou que a cidade entrasse na fase laranja, indicando um número menor de contaminações por Covid-19. Enquanto a Secretaria de Desenvolvimento Econômico se debruçava sobre as planilhas da área da Saúde, muitos empresários já estavam preparando seus negócios para esse momento. E foi justamente este o tema abordado pela live “Gente da Gente”, dentro do Instagram @gazetadotatuape, com o empreendedor Sérgio José Cardoso, que possui negócios no Tatuapé, Jardim Anália Franco e Mooca.
DESDE 1994
Idealizador e sócio de casas como Cervejaria Paulista, Bracia Parrilla, Bar Jordão, entre outras, Cardoso deu início à sua trajetória no Tatuapé, em 1994. Primeiro na Cervejaria Paulista, na Rua Serra de Bragança e depois, junto com um grupo de sócios, conseguiu se estabelecer na região como um dos principais investidores. Para ele, a reabertura dos espaços gastronômicos e de lazer faz parte da cultura paulistana.
POVOS ACOLHEDORES

“Os povos do Brasil e latinos de um modo geral sempre foram acolhedores e receptivos a abraços e cumprimentos mais calorosos. Essa característica está se tornando uma das principais dificuldades para o cumprimento do distanciamento social nessa pandemia”, frisou. Apesar disso, o empresário foi enfático ao afirmar não ser contra o uso de máscaras e também defender as normas de precaução estabelecidas pela OMS. “Só quero dizer que essa dificuldade ficou clara nas taxas que começaram em 70% e agora estão em 50%”, lembrou. O investidor declarou que, diferente dos europeus e asiáticos, brasileiros e paulistanos terão de encontrar o seu próprio caminho para enfrentar a doença.
NOVO NORMAL
Sobre o novo normal, nesse período de retorno, Cardoso adiantou que o setor da alimentação, de bares e restaurantes, foi um dos primeiros a serem bloqueados. Além de haver a anuência do governo municipal, ele está sendo um dos últimos a voltar. O empreendedor declarou entender perfeitamente a intenção da Prefeitura. Por conta disso, afirmou que o segmento está se preparando para atender ao público. “Num primeiro momento algumas casas começaram a trabalhar com delivery. Desse modo, sempre tivemos uma preocupação muito grande com higienização e os procedimentos de limpeza exigidos. Inclusive contratamos uma empresa especializada para dar assessoria nas áreas de sanitização e de controle de temperatura de alimentos. Com a pandemia, isso tudo redobrou”, destacou.
LIMPEZA E HIGIENE
No caso dos funcionários, eles estão voltando após o término do benefício governamental e estão se adequando a todas as mudanças. Entre elas, a colocação de tapete sanitizante na entrada das casas, medição de temperatura, distanciamento de mesas e cadeiras, álcool em gel e funcionários trabalhando com máscaras. Ao mesmo tempo, higienização de equipamentos, mãos, talheres com uma constância ainda maior. “Assim, vamos fazer de tudo para que o cliente se sinta seguro e confiante”, ressaltou Cardoso.
ASSOCIAÇÃO
Segundo o empresário, a preocupação com os consumidores fez com que cerca de 200 donos de restaurantes e bares do Tatuapé, Mooca, Penha e Vila Matilde se reunissem em uma associação para trocar informações. Através dela, com o apoio do vereador Zé Turim, foi apresentado um Projeto de Lei 355/2020. O documento propõe a abertura de todos os comércios, desde que seguindo todas as normas vigentes. A pauta então era a de que todos os empresários fossem beneficiados. Em seguida, o funcionamento das casas ocorresse num horário maior, com a intenção de diminuir as aglomerações. Assim, o cliente teria um prazo maior para se organizar. “Não queremos colocar as pessoas em risco. Todos os protocolos serão seguidos, mas entendemos que o horário mais extenso beneficiará os consumidores”, explicou.
4 MIL EMPREGOS
Atualmente, só na região do Tatuapé, bares e restaurantes geram aproximadamente 4 mil empregos diretos. Depois vêm os indiretos, com as categorias de seguranças, guardadores de carros, fornecedores, entre outros trabalhadores.
APORTE FINANCEIRO
Sobre os empresários terem recebido algum tipo de apoio do governo em âmbito federal, estadual ou municipal, Cardoso informou que o governo federal foi o único a oferecer ajuda. Nesse sentido, uma das discussões que a associação levou à Câmara dos Vereadores dizia respeito ao pagamento do IPTU. Empreendedores propuseram o adiamento das parcelas de abril e maio para serem recolhidas em novembro e dezembro. “Infelizmente não houve negociação e, do mesmo modo, não tivemos isenção sobre o ISS e também nos foi cobrado o imposto sobre o lixo, pela Amlurb, como polo gerador, mesmo estando fechados”, criticou. No que diz respeito aos bancos, todos “fecharam as portas” aos empresários, pois tornaram as negociações mais rígidas e elevaram os juros. “Enquanto as empresas com dados positivos não conseguem empréstimos, as outras sequer têm os dados analisados”, finalizou Cardoso.