Camila Queiroz completa, ainda em 2025, uma década diante das câmeras de tevê. De lá para cá, a atriz de 31 anos não perdeu o fôlego artístico e tem sido picada pelo chamado bichinho do teatro com bastante frequência. Mas quando começou a imaginar um período mais tranquilo e com uma agenda mais livre, Camila reverteu todos os planos ao ser seduzida pelo canto de Raphael Montes, que assina o roteiro de “Beleza Fatal”, novela original Max que acaba de chegar à plataforma de streaming. Em meio aos mais diversos projetos, ela topou abrir uma brecha em um cronograma apertado para viver a intensa saga vingativa de Sofia. “Eu tinha rodado 12 projetos em três anos. Estava esgotada. Mas o texto do Rapha me atravessou. Valeu a pena terminar uma novela no sábado, ficar loura no domingo e começar a gravar na segunda. Foi uma experiência incrível”, valoriza.
Na história original Max, a vida de Sofia se transforma em um pesadelo quando sua mãe, papel de Vanessa Giácomo, é injustamente presa por causa de sua prima Lola, de Camila Pitanga. Perdida e enfrentando inúmeros desafios, ela encontra abrigo junto à família Paixão. É nesse contexto que se aproxima de Elvira, de Giovanna Antonelli, cuja filha enfrenta graves consequências de uma cirurgia malsucedida. Unidas pela dor e pela revolta, ambas canalizam suas perdas em uma intensa busca por respostas e justiça. Com o passar do tempo, Sofia se transforma e mergulha na vingança, ultrapassando limites éticos enquanto se conecta com o mundo que tanto despreza. “Ao longo dos capítulos, a Sofia vai tendo um certo tesão nessa vingança. Essa ética dela vai sendo corrompida por influência da Lola”, defende.
P – Durante o início dos trabalhos de “Beleza Fatal”, você ainda estava no ar como a protagonista de “Amor Perfeito”, da Globo. Como esse convite chegou até você?
R – Em um jantar em abril de 2023, o Rapha (Raphael Montes, autor) me apresentou o texto da novela e me chamou para viver a Sofia. Eu falei que não teria saúde para fazer esse projeto. Nos últimos três anos, eu tinha rodado 12 projetos. É algo surreal, quase impossível. Então, eu não sabia bem o que responder porque eu queria fazer, mas queria estar inteira. Mesmo sem saber o que responder, pedi para ler o texto porque já era apaixonada pelo trabalho do Rapha. Eu era muito fã de “Bom Dia, Verônica” (Netflix).
P – O que fez você mudar de ideia?
R – O texto. O texto dele me atravessou. Na época, como eu disse, estava gravando uma novela. Eu chegava em casa e precisava decorar o texto para o dia seguinte. Mas eu ainda tinha “Beleza Fatal” para ler porque eu precisava dar uma resposta. Eu lia o texto na esteira da academia, era a hora que tinha. Quando cheguei no capítulo 10, parei tudo, peguei o telefone e falei: “quero fazer a Sofia”. Vi que seria um projeto que me colocaria em um lugar novo. Fiquei mexida com cada reviravolta. Com isso, mergulhei num cronograma louco.
P – Como assim?
R – Foi uma emoção. As preparações eu fazia nos intervalos que tinha de “Amor Perfeito”. Terminei de gravar a novela num sábado, fiquei loura no domingo e comecei a gravar na segunda. Além disso, nos domingos, eu ainda gravava “Casamento às Cegas”.
P – Apesar de ser a mocinha da novela, a Sofia caminha entre o dilema moral de vingança e justiça. Ela tem chances de se tornar a vilã ao decorrer dos capítulos?
R – Muita coisa acontece. É difícil falar sem dar qualquer spoiler. A Sofia tem transformações intensas. Ela passa de uma menina doce e romântica para essa mulher vingativa. A vingança é o Norte dela. Ela vira uma pessoa fragmentada porque desenvolve uma personalidade para cada pessoa que cruza o seu caminho. Essa ética dela vai sendo corrompida a partir da convivência com a Lola. Ela tem tanto ódio daquela mulher que começa a se espelhar. Ela sente prazer ao manipular a Lola ou quando tem o gostinho da vingança.
P – Até o quinto capítulo, a personagem Sofia é vivida pela atriz mirim Melissa Sampaio. Vocês chegaram a trabalhar em uma composição em conjunto?
R – A Melissa foi a minha base para a Sofia. Eu queria muito saber quem viveria a Sofia criança porque me ajudaria muito nessa composição. A gente trocou bastante. Ela ficou bem parecida comigo. Até minhas pintas fizeram nela (risos). Eu vi muita coisa que a Melissa fazia para acompanhar e ter essa memória registrada. Acho que isso me deu uma bagagem e estofo para o restante da novela.
P – A trama de “Beleza Fatal” foi finalizada há quase um ano. Como foi gravar uma novela sem ter acesso ao material captado?
R – Foi algo bem diferente. Eu nunca tinha tido essa experiência. Foi novo filmar sem a novela estar no ar porque impediu que a gente fizesse alguns ajustes, né? Mas todos mergulhamos nessa experiência. Esse projeto foi uma união de forças. Estou feliz porque estamos em uma produção muito nova e com muitos caminhos para seguir.
P – De que forma?
R –Essa novela é nova, mas tem muito cara de novela. Particularmente falando, esse projeto mexeu com a Camila criança, que foi noveleira. Sou apaixonada por novela até hoje. Está enraizado na nossa cultura. Eu cheguei no set e tive a chance de trabalhar com a Camila (Pitanga), que viveu a Bebel (personagem de “Paraíso Tropical”). Bebel é um ícone e uma referência para todos nós. A Giovanna (Antonelli) foi a Jade (personagem de “O Clone”).
“Beleza Fatal” – Novos capítulos disponibilizados toda segunda, na plataforma Max.
Sonhos de menina
Desde 2018, Camila Queiroz é casada com Klebber Toledo. Ela, porém, já sonhou em subir ao altar com outro galã da tevê. Ainda criança, ela alimentava o desejo de se unir ao ator Murilo Rosa, que também está no elenco de “Beleza Fatal”. “Eu era apaixonada pela flor rosa. Então, eu falava para todo mundo que ia me casar com o Murilo Rosa para me chamar Camila Rosa. Só que eu tinha oito anos, né? (risos)”, conta.
No set da novela original Max, Camila, ao encontrar com o antigo amor, contou sobre seus sonhos do passado. “Foi a primeira coisa que eu falei para ele. Hoje a gente mora no mesmo prédio. Que loucura, né?”, brinca.
Time das louras
Nas cenas de “Beleza Fatal”, Camila Queiroz aparece totalmente loura. A ideia de platinar os cabelos, inclusive, veio da própria atriz durante a pré-produção. Ela, porém, passou por uma série de desafios para chegar e manter o novo tom de cabelo. “Foram 11 horas para ficar loira. Todo mundo acha que foi ideia de fora, mas foi ideia minha. Era meu sonho uma personagem loira e acho combinava com essa virada da Sofia. Foi desafiador cuidar de um cabelo louro. Palmas para as louras porque é bem difícil de manter. Logo que as gravações acabaram, eu voltei para o meu tom original”, explica.
Instantâneas
# Camila também poderá ser vista no comando da quinta temporada de “Casamento às Cegas”, original Netflix. O projeto ainda não tem data de estreia prevista.
# A atriz, que viveu a personagem Mafalda novela “Êta Mundo Bom!”, não retornará para a sequência do folhetim, que tem estreia prevista para o primeiro semestre.
# Camila também tem projetos para o cinema. Ainda em 2025, ela estará em cartaz com o filme “Uma Mulher Sem Filtro”.
# Antes de “Beleza Fatal”, Camila havia trabalhado com a diretora Maria de Médicis na série “De Volta aos 15”, original Netflix.