O direito de um termina quando começa o de outro. Esse é o princípio básico da democracia.
Democracia não é direitos ilimitados, onde cada um faz o que quer. Na democracia reina o império da lei, a sociedade é livre, mas não para fazer o que bem entender, e sim para o que pode fazer sem prejudicar os demais.
O cidadão não pode invadir os direitos das outras pessoas. Cada um deve ser responsável por seus atos e tem o dever de obedecer as autoridades, as quais, também, em uma democracia, devem respeitar os direitos de cada cidadão e atuar nos limites dos direitos e obrigações que a lei lhe confere, sempre considerando que a Constituição é a lei maior à qual todas as demais leis devem obedecer.
Falamos tudo isso exatamente para abordarmos o abuso que estamos vivenciando em São Paulo e no Rio de Janeiro. Sem sombra de dúvidas sair às ruas e reivindicar direitos é incontestável, especialmente no momento em que vivemos, onde o que não falta são direitos a serem reclamados face a um governo que, além de corrupto e incompetente, só pensa em eleições e não administra nada, aliás, só se movimenta, e de forma muito errada, quando provocado graças a essas manifestações.
No entanto, a coisa agora já ultrapassou os limites e, em verdade, os direitos de quem reivindica atingem os direitos do cidadão de viver em sociedade. Não é possível todos os dias termos uma manifestação e sempre nos horários de pico e paralisando o trânsito.
Se de um lado há um grupo que se dispõe a sair às ruas, não tendo compromissos com o trabalho e com a família, do outro, há os que trabalham e muito e que têm compromissos com o trabalho e com a família.
Não se pode eternamente ficar interditando as principais vias da cidade e sempre nos mesmos lugares, prejudicando o dia a dia das pessoas que ficam ilhadas e sem saber como fazer para chegar a seus ambientes de trabalho e às suas casas, vivendo momentos de terror, porque ficam na ansiedade de algum momento encontrar uma saída, sem saber quando. Por outro lado, já que querem fazer manifestações que exerçam seus direitos, todavia, que não se esqueçam dos direitos dos outros, e que, portanto, cumpram suas obrigações de respeitá-los.
As manifestações deveriam ser feitas exatamente em frente aos órgãos públicos, de preferência, das casas do governador, prefeito, presidente, deputados, vereadores e senadores, afinal, eles que mandam neste país. Todos os desmandos saem deles, não adianta parar a Avenida Paulista, a Radial Leste, a Vinte Três de Maio, as estradas e quebrar tudo, como se os bancos, as lojas, as bancas de jornais fossem as responsáveis. Muito pelo contrário, são as grandes vítimas e acabam ficando com o prejuízo, pois nem o seguro paga, porque são vítimas de tumulto.
Procuram os manifestantes as grandes vias para ganhar notoriedade, então, o rádio, os jornais e a televisão deveriam ignorar e só focá-los quando estiverem no lugar certo, para tentar barrar um pouco esse verdadeiro descalabro.
Só estamos abordando o tema porque ultrapassaram os limites, tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro, de manifestações legítimas, e transformaram em arruaça e roubalheira, então, sabemos que é delicado. A própria imprensa não gosta de tratar do assunto porque sempre haverá quem mal interprete, mas, é preciso tratar e lembrar sempre que a democracia é o melhor regime político do mundo, porém precisa ser bem exercida para não virar anarquia.
O que os baderneiros, especialmente orquestrados pelo PT, querem é muita arruaça e agora com prato cheio contra o PSDB. Como podem sentir, tudo gira em torno das eleições. O Brasil é um país que só pensa e respira eleições; todo mundo quer o poder, porque o poder no Brasil é uma mamata que todos querem, com muitos direitos e nenhuma obrigação.