Organização educacional, responsável pelo Colégio Plenitude, trabalha na formação de jovens da periferia e inserção ao mercado de trabalho
Em apenas dois anos, o Instituto Energia do Saber (IES), por meio do seu programa de educação formal desenvolvido pelo Colégio Plenitude, conseguiu pavimentar o ingresso de 60% de seus formandos do ensino médio, para o ensino superior. Do total de 33 estudantes residentes em regiões periféricas e em situação de vulnerabilidade social na cidade de São Paulo, 20 estão cursando em universidades. Os dados são referentes a 2023 e 2024. Para este ano, a meta é ampliar esse número, segundo a organização sem fins lucrativos.
Fundado em 2017, o IES atua para ampliar pontes para o futuro de adolescentes e jovens, especialmente da zona leste e de outras regiões da Capital. A entidade oferece aulas regulares para ensino fundamental I e II e ensino médio por meio do Colégio Plenitude, com grade devidamente regulamentada pelo Ministério da Educação e secretarias estadual e municipal de Educação, assim segundo as Bases Nacionais Comuns Curriculares (BNCC).
Estudante de Educação Física no campus Tatuapé da Unicid (Universidade Cidade de São Paulo), Pedro Alexandre Modesto, 17 anos, esteve desde o primeiro ano do ensino fundamental no Colégio Plenitude. Atualmente, o jovem trabalha, enquanto prepara mais uma etapa de seu futuro por meio da graduação. Parece algo muito cotidiano, mas ele explicou que a diferença de oportunidades e foco podem fazer muito na vida de uma pessoa, até dentro da mesma família.
“Eu tenho um primo que tem a mesma idade, nascemos no mesmo hospital, no mesmo dia, com a diferença de que eu nasci horas antes. Ele estudou a vida inteira em escola pública. E o nível de formação que temos hoje é completamente diferente. Hoje eu me vejo com 17 anos de idade, completei o ensino médio e faço uma graduação. E ele repetiu duas vezes na escola. Ele estava, no ano passado, no primeiro ano do Ensino Médio, ele desistiu e terá que fazer um EJA (Educação de Jovens e Adultos). Por isso que tudo isso foi um marco na minha vida”, afirmou Modesto.
Atualmente graduando Filosofia na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Julia Alves, de 19 anos, passou pelas redes municipal, estadual e ingressou em escolas particulares ao longo de sua trajetória. Ao cursar o terceiro ano do ensino médio pelo Colégio Plenitude, em 2023, a estudante relata que viveu ali a sua melhor experiência escolar, tendo como diferencial de transmitir vivências que lhe permitem maior conhecimento e compreensão de temas da atualidade.
“Para mim, de todas as escolas que passei, o Plenitude foi o que mais me acolheu, porque, além dos professores passarem suas vivências, criamos um laço muito forte. Então nesse sentido, foi muito bom, além do ensino ser bem superior ao que encontramos na (rede) estadual. Toda aula era diferente, legal e interessante de saber. Em um ano, não poderia achar que iria me entrosar tão bem”, recordou-se.
Segundo o Censo Educação Superior 2023, divulgado em outubro do ano passado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), apenas 21,6% dos jovens, entre 18 e 24 anos, estão no ensino superior. O percentual é ainda distante dos 50% estabelecidos pela meta 12 do PNE (Plano Nacional de Educação). O mesmo levantamento mostrou que 20,4% dos 22,3 milhões de jovens, dessa mesma faixa etária, que não frequentam uma universidade, sequer concluíram o ensino médio.
A gerente executiva do IES, Flávia Blanco Lira, explica que são esperados, para este ano, mais 20 jovens formados pelo trabalho em conjunto com o Colégio Plenitude. “A nossa intenção é capacitar esses adolescentes e jovens da melhor forma para que eles ingressem nas universidades e possam realizar os seus sonhos. Outro dado importante é que dos 33 que já estão na faculdade, 10 são bolsistas e 20 já estão trabalhando. Nós acreditamos muito no papel transformador da educação na vida das pessoas, e principalmente, de quem vem da periferia. É desta forma que contribuímos para melhorar o Brasil e o mundo. É assim que o Instituto Energia do Saber trabalha”, ressaltou.