por Jorge Beher
A função da nova geração do CLA não é só liderar o futuro dos modelos de maior volume da Mercedes-Benz, mas também mostrar novas propostas em design e o poder da nova plataforma MMA. Nela serão montadas versões 100% elétricas ou híbridas, o que deixa a marca alemã mais próxima de renovar sua gama focando na eletromobilidade, sem o risco de ter de produzir plataformas específicas, o que certamente dobraria o custo de desenvolvimento.
No Brasil, a previsão é que o novo cupê de quatro portas chegue no segundo semestre desse ano, tanto em versões híbridas quanto elétricas. Atualmente, o CLA da segunda geração é vendido em três versões, todas a gasolina sem sistema híbrido de 48V (a marca chegou a vender modelos híbridos suaves, mas interrompeu a importação quando o governo cancelou o incentivo fiscal). O mais barato é o CLA 200, que custa a partir de R$ 297.900 e vai até R$ 336.900. Na sequência vêm dois modelos Mercedes-AMG: CLA 35 4Matic, por R$ 499.990, e CLA 45 S 4Matic, por R$ 624.900.
O CLA de terceira geração traz um conceito e uma tecnologia o tornam um dos carros elétricos mais eficientes feitos na Europa. Enquanto outras marcas de luxo apostam em motores potentes e baterias enormes, para compensar o grande consumo de energia de seus carros, a Mercedes quer fazer mais com menos. Segundo Ola Källenius, CEO da Mercedes-Benz, o novo CLA concretiza a visão mostrada com o Vision EQXX em um carro de produção em série.
Segundo a marca, o CLA está na vanguarda em aspectos como autonomia, velocidade de carregamento, consumo e conforto. O design é uma evolução da linguagem Sensual Purity, ou Pureza Sensual, marcada pelas peças rotundas e linhas sinuosas na frente e na traseira, além de outros códigos de design que aparecem nos modelos mais recentes da marca.
Na frente, as entradas de ar laterais e a silhueta quase oval da ampla grade foram mantidas, sempre com a grande estrela no centro. Já o modelo elétrico resgata o padrão de estrelas retroiluminadas, usado na linha EQ. Outro elemento é faixa de led que percorre a parte superior da grade, unindo os dois conjuntos óticos. Esse detalhe de design se originou no EQXX e também aparece no novo Smart. No caso do modelo híbrido, a grade é diferente, pois precisa ter aberturas para o resfriamento do motor a combustão interna e se torna o ponto de referência para distinguir a versão totalmente elétrica da híbrida.
Dentro dos faróis e também nas lanternas, a assinatura luminosa ganhou a forma de estrela de três pontas. Atrás, além desse detalhe, o carro adere à tendência iniciada nos carros chineses de unir as luzes com uma barra luminosa de led – nesse caso, a barra é pontilhada, o que a deixa mais elegante. Em linhas gerais, o modelo é como uma versão futurista do CLA anterior, com traços mais alongados e suaves, muito bem traduzidos pelo ótimo coeficiente de arrasto aerodinâmico de 0,21 Cx.
O novo CLA ficou ligeiramente maior em todas as suas dimensões. Ele ganhou 3 cm no comprimento, com 4,72 metros, ficou 2,5 cm mais largo com 1,85 m, 3 cm mais alto, com 1,47 m, e o entre-eixos foi aumentado em 6 cm, com 2,79 m. Apenas o porta-malas perdeu espaço, embora o modelo elétrico compense com o chamado frunk, o pequeno porta-malas sob o capô, com quase 100 litros de espaço.
O interior tem uma mistura significativa de elementos clássicos e modernos, no que a Mercedes chama de MBUX Superscreen. O console é completamente vertical, integrado ao console frontal, o que lembra carros de luxo clássicos. Mas em vez de ser uma base em madeira com relógios e instrumentos, aqui há uma placa digital onde se instala o cluster de 10,25 polegadas e a tela da central multimídia com 14 polegadas.
Nas extremidades, duas saídas de ar tipo turbina quebram a monotonia. Elas trazem detalhes em bronze para combinar com o estofado marrom e os detalhes metálicos ou anodizados, para uma sensação de alta qualidade. O console central é elevado e possui porta-copos, carregador sem fio, compartimento inferior e alguns botões, além de saídas de ar retangulares. Em versões de topo, a guarnição estrelada acima do porta-luvas pode trazer uma terceira tela. O head-up display tem nada menos que 12,2 polegadas.
O CLA é o primeiro carro da marca a rodar o novo MB.OS. Este sistema operacional é o que controla os recursos da central multimídia de quarta geração, gerencia o controlador de carga MB.Charge e o conjunto de assistências de condução MB.Driver. O MBUX conta com programas de inteligência artificial da Microsoft e do Google, gráficos implantados pelo Unity Game Engine, um novo assistente virtual conectado a sistemas como ChatGPT4 e Google Gemini. O sistema de entretenimento tem suporte para serviços de streaming como Disney+ e plataforma de streaming de videogame Ridevu da Sony. Há ainda sistema de navegação inteligente com mapas 3D, com rotas alimentadas pelo Google Maps.
O MB.Drive possui pacotes de assistência à condução que, dependendo da versão, permitem configurar um sistema de direção semiautônoma de nível 2 ou nível 2++, que permite em determinados países obter maior autonomia e até manobras sem o condutor dentro do veículo – para estacionar, por exemplo. Este sistema é alimentado por oito câmeras, cinco radares, 12 sensores e uma ECU refrigerada a água.
O CLA terá duas variantes elétricas, CLA 250+ EQ e CLA 350 4MATIC EQ. O primeiro tem um motor e tração traseiros de 272 cv (200 kW) e 34,2 kgfm de torque, enquanto o segundo, com dois motores (um por eixo) atinge 354 cv (260 kW) de potência e 52,4 kgfm de torque. Em ambos os casos, a bateria é de 86 kWh e a arquitetura elétrica é de 800V. O carro está preparado para ter carregamento bidirecional e ser capaz de recuperar 325 km de autonomia em 10 minutos, com um carregador rápido. O alcance do 250+ é estimado entre 700 e 800 km, enquanto o modelo mais potente fica entre 670 e 770 km.
A versão híbrida combina um motor de quatro cilindros turbo de 1.5 litro, apoiado por uma bateria de 1,3 kWh, um sistema de 48V e um motor elétrico de até 27 cv integrado à caixa de câmbio DCT de oito marchas. A marca não divulgou números de potência e torque da versão híbrida, mas o motor será da nova família FAME (Family of Modular Engines), fabricado na China, com código M252. O novo CLA na versão híbrida poderá contar com as três configurações, com 136, 163 e 190 cv, e o mais provável para ser importado para o Brasil é o intermediário, que tem os mesmos 163 cv do CLA 200 vendido atualmente por aqui.










