Com o passar do tempo, muitos bairros da Zona Leste passaram por mudanças em suas características, fossem elas de cultura, lazer, serviços, industriais ou mesmo metalúrgicas. A região da Mooca, por exemplo, que acolheu grandes fábricas, responsáveis pela produção de produtos variados, atualmente mantêm cerca de 140 empresas do setor metalúrgico. Porém, mesmo estas últimas remanescentes do período industrial e de confecção de peças, estão vivenciando um período de mudanças.
CAMINHÕES
Esta nova realidade fica mais clara quando se conhece um pouco mais sobre o processo de transformação destes lugares. Na opinião de Eduardo Odloak, por exemplo, que foi subprefeito da Mooca e hoje trabalha com o governador Geraldo Alckmin, as últimas regras criadas pela Prefeitura, que impedem a circulação de caminhões pela cidade em determinados horários, elevaram os custos destas empresas. “Diante disso, elas começam a repensar se vale a pena permanecer numa área tão adensada e cuja logística não colabora para o escoamento da produção”, salienta.
ZONA MISTA
Segundo ele, parte dessas empresas está na região da Avenida Henry Ford, cujo terreno possui cerca de 1 milhão de metros quadrados. Caso elas venham a sair de lá, será preciso criar projetos que estejam de acordo com as características atuais do bairro. “Alguns urbanistas propuseram a criação de uma área residencial para diminuir o déficit haitacional. No entanto, acredito que a área seja mais carente em termos de lazer, serviços e empregos. Com isso, aposto num espaço cultural, com bares, comércios e polos de conhecimento. Apesar de engenheiros e arquitetos sugerirem uma zona mista, não concordo com a proximidade entre bares e residências”, avaliou Odloak.
TRANSPORTES
Ainda dentro do crescimento da Zona Leste, o ex-subprefeito disse que, apesar de não existir uma definição concreta sobre o lugar da nova estação Anália Franco do Metrô, ele adiantou que as maiores mudanças vão ocorrer no sentido da Penha e do Tiquatira. Conforme Odloak, os dois locais deverão estar entre os maiores pontos de conectividade entre Metrô, trem e ônibus.

Além disso, ele revelou que com a remoção de uma favela no Tiquatira ficou disponibilizada para construção uma área de 300 mil metros quadrados. Neste terreno, existe o interesse de investimento em um projeto habitacional popular, no entanto, Odloak afirmou ter uma opinião diferente. “Por ser um ponto estratégico da cidade, com parque linear e que terá amplo transporte, sem contar sua proximidade com o aeroporto de Guarulhos, é uma grande oportunidade de se planejar uma nova zona hoteleira”, propôs.
NOVO CICLO
O ex-subprefeito disse apostar no rompimento de um ciclo que transforma as regiões da Zona Leste em bairros dormitórios. “Com a chegada do Estádio do Corinthians, entre outros pontos de serviços, o Tiquatira seria o lugar ideal para receber hotéis aos moldes do que foi feito próximo ao aeroporto de Guarulhos. Com isso, além promover o crescimento da região, geraria milhares de empregos, desobrigando as pessoas a seguirem até o centro da cidade ou a lugares mais distantes para trabalhar”, vislumbrou.
Sobre a Avenida Jacu-Pêssego, Odloak salientou que ela será a principal ligação entre o porto de Santos e o Aeroporto. “Com a finalização dos trechos Norte e Leste do Rodoanel todo o sistema viário também será beneficiado, principalmente com a retirada gradual dos caminhões das marginais. Como polo gerador de empregos, a avenida deverá concentrar boa parte do investimento em logística com a chegada de galpões, armazéns e comércios voltados para atender essa demanda”, finalizou.