Para quem não sabe, o “calcanhar de Aquiles” do PT tem nome: é João Vaccari Neto, tesoureiro do partido que deverá depor na CPI da Petrobras no próximo dia 9. Segundo Vaccari, não há o que temer, pois as transações coordenadas por ele foram todas legais. No entanto, durante a delação premiada, outros suspeitos de participação na Operação Lava-Jato disseram terem pago propina ao tesoureiro.
Ou seja, na próxima quinta-feira, veremos mais um triste episódio do cenário político brasileiro, graças à democracia. Vaccari, querendo ou não, será esmagado pela oposição e, mesmo que seja somente na Justiça, terá de explicar a legalidade de quantias não declaradas à Receita Federal, mas que serviram para a campanha de diversos candidatos do partido.
No episódio do “mensalão” todos nós lembramos do fim de Delúbio Soares, também tesoureiro do PT. Formado em matemática, tentou explicar a contabilidade partidária, contudo, não conseguiu. Resultado: acabou preso por ser responsável pelo esquema de repasse de verbas aos deputados comprados pelo partido.
Se voltarmos a esse passado não muito distante veremos que a situação de Vaccari não é nada confortável, pois ele pode ser o próximo da lista do PT a seguir os passos de Delúbio, caso não consiga provar sua inocência nas negociações partidárias.
O pior para nós é que, entre tantos depoimentos e denúncias, o Brasil já perdeu cerca de R$ 90 bilhões de sua economia este ano. Conforme um grupo de estudos da Fundação Getúlio Vargas, além das demissões em curso, União, Estados e municípios deverão perder bilhões de reais em investimentos que resultariam em obras de infraestrutura, reformas e manutenção de prédios, rodovias, ruas e muito mais.
Ainda é cedo para dizer, mas o País terá pelo menos mais um ano de retração até as coisas se acomodarem, isto para os mais otimistas. Aliás, devemos depositar toda a nossa confiança no “Santo Levy” – ministro da Fazenda Joaquim Levy. Sim, pois é ele quem dá as cartas agora e será o responsável pela retomada de negociações com investidores, recuperação da confiança do mercado interno e externo, além da reaproximação de alguns aliados da presidente Dilma. Ou seja, sem Levy não há governabilidade.
A que ponto chegamos! Como o barco estava à deriva, Lula e Dilma tinham de passar o comando para alguém que pudesse representar o retorno da confiança no Brasil. Sem outra saída, tiveram de dar o braço a torcer e chamar o ex-secretário de Política Econômica de Fernando Henrique.
Levy começou a dar mostras de uma economia mais austera com o fim da farra do boi. Mesmo assim, não é hora de esmorecermos e deixarmos tudo na mão do governo. Temos de continuar clamando pelo fim da corrupção e pelo respeito ao grito que vem das ruas. O governo brasileiro tem de parar de espalhar para o mundo que o Brasil é o País do futuro. Que futuro é esse que nunca chega? Infelizmente temos visto momentos de crescimento, de ufanismo, mas logo voltamos a mergulhar na descrença. Sendo assim, é melhor se fortalecer passo a passo, retirando todo lixo que ainda nos cerca. Se educar, não compactuar com as corrupções do dia a dia, ser exemplo como cidadão. Caso contrário, os políticos continuarão não levando a sério nossas reivindicações.