Será que o governador resolveu acordar para a realidade da falta de segurança no Estado? Talvez, mas o anúncio de contratação de empresas para bloquear celulares em presídios já deveria ter sido feito há pelo menos oito anos.
A demora na definição de questões fundamentais vem perpetuando o clima de insegurança e elevando os índices criminais. Isso faz com que o medo das pessoas também aumente. Por isso, Alckmin terá de manter uma postura firme e saber lidar com o pior.
Não adianta simplesmente trocar o secretário da Segurança caso as facções criminosas queiram gerar um clima de terror em São Paulo e em outras cidades. A população está cansada de ser vítima e por isso espera por ações que sirvam de exemplo a outros Estados. Afinal, não somos o Estado mais rico da federação? Se somos, temos de ter representatividade.
É imperativo que o governo autorize a instalação desses equipamentos em presídios, no entanto é preciso manter a palavra e lembrar que, como em todas as profissões, existem pessoas honestas e desonestas. E isso vale também para os presídios.
Se sempre ouvimos falar de funcionários, do próprio Estado, suspeitos de ajudar os bandidos, como o governador não sabe? Chega a ser desconcertante descobrir que alguns grupos criminosos possam estar à frente das polícias Civil e Militar. Contudo, em determinadas situações, é a realidade.
E tudo isto acontece como? Com a retenção de informações. Quem tem mais, sai na frente. E é justamente por conta destes dados preciosos que os presidiários fazem de tudo para obter um celular ou aparelho capaz de estabelecer algum tipo de comunicação com o lado de fora.
Será novidade para alguém? Não. Então por que o Estado demorou tanto para abrir essa licitação? É difícil saber, pois vemos presos cada vez mais ousados comandando diversas ações do outro lado das grades.
É preciso observar a tudo de uma maneira ampla, pois a população merece respeito e os policiais honestos merecem respeito. Diante disso, o que falta aos deputados estaduais? Cobrança. É claro, como a maioria das pessoas não os critica eles deitam-se em berço esplêndido e só esperam pelos salários.
E isto ocorre em todos os Estados. Aliás, quanto mais pobre, pior é a falta de segurança. Se a Alckmin não cabe a culpa pelos erros dos outros, cabe à presidente Dilma não olhar apenas para os presídios federais. Até porque os bandidos migram e são capazes de criar uma rede de informações e causar grandes prejuízos, como vimos num passado não tão distante.
Cabe a Dilma retaliar de alguma maneira os governadores que não investirem em segurança. Se o governo federal deixasse de repassar polpudas quantias aos Estados, com certeza seus colegas políticos iriam se mexer. Quando não se faz nada, bandidos tomam conta de presídios, fazem churrascos, festas e muito mais. Enquanto isso, do lado de fora, policiais reclamam e até fazem greve para receberem salários mais dignos. Assim fica difícil levar a sério quem está no poder.
Nossos governantes têm de trabalhar por nossos filhos e netos e não pensar somente na eleição de 2014. A situação é grave em termos de segurança, mas eles simplesmente empurram para o próximo mandato ou largam a “batata quente” não mão do próximo que vier.
Quando ouvimos policiais dizendo que “o cobertor é curto”, com relação aos problemas, e bandidos se gabando do fato de não ficarem presos por muito tempo, devemos nos preocupar. Contudo, mais do que nós, os políticos é que não deveriam nem dormir com a consciência pesada. No entanto, poucos se importam.