Tecelagem Tatuapé (do Grupo S/A Moinho Santista)

Fluía o ano de 1905. No final do mês de setembro, efetuava-se uma Assembléia Geral para a fundação de uma nova empresa: a Sociedade Anônima Moinho Santista. O evento foi prestigiado por vários homens de negócios e presidido pelo senhor Thomas Alberto Alves Saraiva. Pontos importantes foram definidos no estatuto aprovado na ocasião: a composição de um capital de mil contos de réis, a fixação de um prazo de 20 anos (prorrogáveis) para o empreendimento e a eleição e posse da primeira diretoria. Também determinaram-se os objetivos da nova sociedade: a compra e moagem de trigo e de outros cereais, a compra e venda de farinhas e farelos e a fabricação de massas e congêneres.

Entre os participantes, a escolha para presidir a recém-criada sociedade recaiu sobre José Puglisi Carbone, em face de ser o maior acionista, um grande comerciante e possuir inúmeras propriedades.

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O Moinho Santista seria o embrião de um complexo industrial alimentício que, em meados da década de 80, somado a outros três (situados em Ponta Grossa, Porto Alegre e Joinville), exibiria uma capacidade de moagem de 600 mil toneladas de grãos por ano. Além dos moinhos, o Grupo possui atualmente fábricas de misturas preparadas, sobremesas e fermentos que o capacitam a colocar no mercado 1.500 toneladas de produtos por mês.

• 1908 – Ano em que a Bunge & Born, sediada na Argentina desde 1884, associa-se à S/A Moinho Santista. Esta importante empresa era o braço na América Latina da velha Bunge & Company, fundada em 1818 por Johannpeter G. Bunge na Holanda e de sua subsidiária instalada na Bélgica por Edouard Bunge, seu neto.
• 1923 – A S/A Moinho Santista, agora robustecida pela importante parceria, enceta novos vôos: nesse ano compra a Cavalcante e Cia, empresa de Recife, disso resultando a formação da Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro S/A – Sanbra.
• 1925 – Em razão da falta e do alto custo da sacaria para embalagens dos seus produtos, o Grupo resolve criar sua primeira fábrica têxtil, tendo em vista a fabricação de sacos.
• Ano de 1929 – A Sociedade Anônima Moinho Santista lança no mercado o primeiro óleo fabricado a partir do caroço de algodão.
• Ano de 1929 – Fundação da unidade fabril de tecidos denominada Tecelagem Tatuapé. A fábrica em questão, uma das maiores da região, ocupou enorme gleba de terras no bairro, situando-se na Avenida Celso Garcia, junto às margens do Ribeirão Tatuapé. Mais tarde, canalizado, este riacho possibilitou a construção da Avenida Salim Farah Maluf. Atualmente o local é ocupado pelo Supermercado Big.
• Ano de 1934 – Início da construção da segunda mais antiga das fábricas têxteis: Fiação Santista. Dividia-se em dois setores: setor para fabricação de lã e setor para fabricação de algodão. A finalidade era produzir fios para terceiros, inclusive para malharias. Nesta fábrica não havia setor de tecelagem.
  Nesta época os fios de lã para tricô eram importados da França e da Itália. Apenas duas ou três fiações produziam esses fios esporadicamente e em pequenos lotes.
  Ainda nesse ano o Grupo Santista iniciava experiências com equipamento próprio para a fabricação dos fios de lã para tricô, dando início à produção no ano seguinte. Sempre com vistas para esse setor, a Santista adquiriu uma fábrica que funcionava à Rua Madre de De­us, e com ela suas marcas de lãs Ga­tinho, Yoyô e Borboleta. Os produtos em questão somavam-se àqueles já fabricados pela Santista: Sibéria e Alaska. Essa foi a primeira coleção de produtos lançados pela empresa no mercado. Nesse tempo foram seus clientes: a Casa Genin, para São Paulo; e Ernest Matheis, para o território nacional.
  O Brasil, na época, não produzia lã em quantidade suficiente para atender o mercado interno, motivo pelo qual a empresa era obrigada a importar lã da África, Austrália, Argentina e Uruguai. Foi quando o governo gaúcho resolveu incentivar a criação nacional de gado para a produção de lãs finas. Entre 1937 e 1964 a empresa coordenou inúmeras fazendas naquele Estado para tal finalidade, triando e classificando as melhores lãs, o que possibilitou inclusive o início de um fluxo de exportação. A partir de então, esse trabalho foi assumido pelas cooperativas locais.
• Ano de 1948 – Nesse ano é concluída a construção do novo prédio de 4 andares no bairro do Belém. Todo o maquinário é recomposto com novas máquinas adquiridas na Itália, Alemanha, França, além de teares procedentes dos Estados Unidos. A unidade fabril do Cambuci é fechada, sendo todos os seus setores incorporados à fábrica do Belém.
• Ano de 1956 – Época em que o Grupo Santista lança as primeiras misturas preparadas para bolos e salgados. Três anos após lançaria sua margarina com prazo de validade assinalado. Para preservação deste produto providenciou veículos equipados com isolantes térmicos.
• Ano de 1964 – A empresa ganha novo impulso com a aquisição de 60 novos teares da marca Sulzer. Em 1968, cria-se uma nova unidade fabril com capacidade para 45 toneladas/mês de fios para malharia, desta vez de acrílico “Dralon”. Quatro anos mais tarde toda a produção de lã e mistos é substituída pelos acrílicos.
• Ano de 1977 – Em julho ocorre um grande incêndio nas instalações da empresa, destruindo totalmente a fiação de fios de “TC” (acrílicos). A partir de então a empresa perdeu a liderança que detinha há 43 anos. No transcorrer de todo esse período o Grupo Santista detivera 45% do mercado contra 30%, no máximo, do concorrente imediato, a empresa Pingouim.
• Ano de 1986 – O Grupo Santista assume o controle acionário da Petybon, uma das muitas empresas das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo.
• Ano de 1997 – Consolidando sua liderança no processamento de soja, o Grupo adquire a Ceval Alimentos S.A. Dois anos mais tarde, inaugura a nova fábrica de proteína isolada de soja, no Parque Industrial de Esteio, no Rio Grande do Sul.
  Importante para os tatuapeenses foi o ano de 1994. Foi nessa data que a Tecelagem Tatuapé, uma das mais antigas empresas industriais da região, foi transladada para a cidade de Americana.Fontes de informações: Depoimento do senhor José Contenti – ex-funcionário da Tecelagem Tatuapé.