No dia 29 de março, cerca de 300 pessoas se reuniram no terreno da antiga Metalúrgica Gazarra, na Avenida Jacu-Pêssego, com o objetivo de reivindicar mais agilidade no processo de implantação do campus da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) no local.
Entre as principais cobranças estavam a oficialização da transferência da área pela Prefeitura à instituição de ensino e as respostas quanto às questões ambientais – a Cetesb indicou três pontos de contaminação no solo – assim como as providências para posterior descontaminação.
Participaram do ato: a reitora da Unifesp, Soraya Soubhi, padre Ticão, os deputados Adriano Diogo e Vicente Cândido, a vereadora Juliana Cardoso, a ex-vereadora Ana Martins, e representantes da Subprefeitura Itaquera.
“A Prefeitura tem condições de ‘destravar’ o problema da contaminação. Depois de tantas reuniões, abraços e atos não vamos desistir desta luta. Vamos ‘cutucar’ todos os que têm condições de ‘destravar’ esse o problema para avançarmos”, observou Juliana Cardoso.
PROVIDÊNCIAS
Quanto à questão do solo, a Unifesp informou a este semanário que a Prefeitura ficou responsável pela investigação do local e pelas ações de descontaminação depois que a Cetesb emitiu parecer indicando os estudos necessários.
A reportagem também entrou em contato com a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente que, revelou, através de um comunicado, que o projeto para descontaminação encontra-se em fase de estudo e está sendo realizado em conjunto com a Secretaria do Governo Municipal (SGM).
Sobre o processo de transferência do terreno, a instituição de ensino confirmou que ainda falta a cessão definitiva da área.
GRADE DE ENSINO
Enquanto a maioria dos processos burocráticos continua à espera de solução, outros começam a ser solucionados. Entre eles está a divulgação da grade dos cursos que serão disponibilizados no campus: Engenharias Civil, Ambiental e de Transportes; Arquitetura e Urbanismo, Geografia, Design, Políticas Públicas e Turismo.
Em fevereiro deste ano, o projeto pedagógico foi debatido através de um seminário que envolveu especialistas da USP, Unicamp, UFABC, Movimentos da Zona Leste e Prefeitura.
E, mais uma vez, a Unifesp afirmou que continua trabalhando em conjunto com o Ministério da Educação (MEC), a Prefeitura e a comunidade para efetivar a implantação da nova unidade de ensino.
“A Prefeitura fez a liberação de R$ 1 milhão para reforma do refeitório e vestiário da antiga fábrica para abrigar as atividades de extensão universitária que já são realizadas pela Unifesp, na Zona Leste.”
Entre os processos que aguardam conclusão estão a realização do concurso público e contratação de projetos executivos; a finalização das ações para descontaminação do lençol freático, realizadas pela Prefeitura com acompanhamento da Cetesb, o detalhamento do projeto pedagógico, grades curriculares e perfil dos professores, e a realização de concurso para contratação dos primeiros professores e técnicos.
ENTENDA O PROCESSO
No dia 24 de março de 2012, o Movimento em Prol da Instalação da Universidade Federal da Zona Leste, integrado por comunidades religiosas, entidades da sociedade civil e parlamentares, realizou um abraço simbólico em frente ao terreno da antiga metalúrgica Gazarra para, mais uma vez, chamar a atenção da Prefeitura para a compra do terreno.
Isso porque, em julho de 2011, por determinação do então prefeito Gilberto Kassab, o secretário municipal de Negócios Jurídicos, Cláudio Lembo, suspendeu a ação de desapropriação do terreno no qual será construída a universidade federal. A decisão foi tomada depois do Ministério Público Estadual enviar ofício para a Prefeitura questionando o processo de avaliação da área.
SUSPENSÃO
Diante do comunicado, Kassab, à época, determinou a suspensão do processo de desapropriação, mas manteve a declaração de utilidade pública do terreno. Pelo menos três foram as manifestações públicas em frente ao terreno da Gazarra.
Em maio de 2011, esta Gazeta publicou a primeira matéria sobre o abraço simbólico que aconteceu em frente à antiga metalúrgica, no dia 21 daquele ano. Isso porque, no dia 24 de julho de 2010, durante evento realizado na Igreja São Francisco de Assis, na Rua Miguel Rachid, 997, em Ermelino Matarazzo, Gilberto Kassab assinou o decreto que tornou a área, de 175 mil metros quadrados, como de utilidade pública para implantação do campus Zona Leste da Universidade Federal de São Paulo.