Especialista dá 10 dicas para usar o repelente de forma eficiente e segura nas diferentes faixas etárias; uso incorreto pode causar irritações e até intoxicação
Com a chegada do verão e o aumento das chuvas, cresce também a preocupação com as arboviroses, como dengue, zika e chikungunya, doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Para evitar picadas de mosquitos, que podem ser incômodas e transmitir doenças, o uso de repelentes é uma das principais formas de proteção, especialmente para crianças. No entanto, é essencial escolher produtos adequados e utilizá-los corretamente.
Fabíola La Torre, coordenadora médica da Linha Pediátrica do Hospital e Maternidade São Luiz Osasco, da Rede D’Or, destaca que nem todos os repelentes são indicados para crianças de qualquer idade.
“Para bebês menores de seis meses, a recomendação é evitar o uso de repelentes químicos e apostar em barreiras físicas, como roupas compridas e mosquiteiros”, explica.
Dos seis meses a dois anos de idade, o ideal é continuar evitando o repelente. “Se houver necessidade, prefira usar o produto na roupa da criança antes de vesti-la. Opte por repelentes à base de permetrina, menos tóxico do que o DEET”, orienta a médica.
Já para crianças acima de dois anos, o uso de repelentes à base de DEET, Icaridina ou IR3535 é permitido, mas com restrições. “O DEET deve ter concentração máxima de 10% e o de Icaridina, até 25%”, acrescenta a especialista.
Além de escolher o produto certo, é importante seguir algumas recomendações para garantir a eficácia e segurança do repelente.
“O ideal é aplicar o produto apenas nas áreas expostas do corpo, evitando mãos, olhos e boca. Também não se deve passar por cima de ferimentos ou usar em excesso”, alerta a médica.
Outro cuidado essencial é reaplicar o repelente conforme o tempo de duração indicado na embalagem, especialmente em dias muito quentes ou após contato com água. “Outros repelentes naturais, como citronela e andiroba, podem ser usados, mas a sua eficácia é baixa”, destaca a pediatra.
Caso a criança apresente sintomas como irritação na pele, vermelhidão, coceira intensa, dificuldade para respirar ou tontura após o uso do repelente, é importante suspender a aplicação e procurar atendimento médico imediatamente.
“Esses sinais podem indicar uma reação alérgica ou intoxicação, e a avaliação de um profissional é fundamental para evitar complicações”, orienta Fabíola.
Em casos emergenciais, como a ingestão de repelentes ou inseticidas, é possível acionar o SAMU (192) ou o Disque-Intoxicação (0800-722-6001), canal de comunicação criado em 2005 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A especialista destaca 10 dicas para o uso seguro dos repelentes em crianças:
1. Não use repelentes tópicos em bebês menores de dois meses. Sempre verifique a indicação de idade na embalagem e siga as instruções do fabricante.
2. Aplique apenas nas áreas permitidas e evitando pele ferida, irritada e as mucosas (olhos, boca, nariz e genitais).
3. Para o rosto, passe primeiro nas mãos e depois espalhe com cuidado.
4. Não aplique nas mãos das crianças para evitar ingestão acidental e não permita que elas apliquem sozinhas.
5. Utilize a quantidade recomendada e reaplique conforme orientação do fabricante.
6. Não combine com protetor solar, pois reduz a eficácia de ambos.
7. Evite que a criança durma com repelente no corpo.
8. Mantenha o produto fora do alcance das crianças e longe de alimentos.
9. Sempre lave as mãos após o uso.
10. Em caso de irritação lave a área afetada e procure um médico ou serviço de intoxicação. Leve a embalagem do produto para facilitar o atendimento.
A médica lembra ainda que a forma mais segura é dar preferência aos métodos físicos de proteção, como telas nas janelas e nas portas, mosquiteiros e roupas longas. “Use o repelente pelo menor período possível e retire no banho, com água e sabão, após passada a situação de risco”, alerta a coordenadora.