O debate sobre a conservação da história da Vila Maria Zélia voltou à tona após visitantes terem se deparado com o estado de abandono das ruínas pertencentes aos dois prédios nos quais funcionavam as antigas escolas para meninos e meninas. Um deles, José Carlos Gomes Serrão, que foi ao local fazer fotos, na companhia de amigos, afirmou ter se entristecido ao ver que a primeira vila operária a ser construída em São Paulo havia sido esquecida por órgãos governamentais.
FUTEBOL
Serrão lembrou que do time de futebol de várzea da vila surgiram jogadores como Luizinho e Roberto Belangero. Por conta disso, ele pediu aos responsáveis pela conservação histórica do local para reverem seus conceitos e darem ao lugar seu verdadeiro valor.
TOMBAMENTO
Em 1992, o Departamento Municipal do Patrimônio Histórico (DPH) determinou o tombamento de todos os imóveis da Vila Maria Zélia, criada em 1917. Em 2006, a Prefeitura assinou um convênio com o INSS para realizar a restauração da Vila. De acordo com a Secretaria Municipal da Cultura, os prédios históricos sob responsabilidade do DPH são denominados como: restaurante, farmácia, escola dos meninos, escola das meninas, açougue e administração.
TEATRO
O edifício denominado “farmácia” é utilizado pelo Grupo XIX de Teatro e como um pequeno museu da história da Vila. Integrantes da Sociedade Amigos de Vila Maria Zélia (SAVMZ) buscam a revitalização das áreas em ruínas, pertencentes ao INSS. Eles querem transformar locais como o armazém, por exemplo, em oficinas culturais e de atividades para grupos da terceira idade.
NOMES DE RUAS
Outra proposta é a mudança do nome das ruas para homenagear pessoas e famílias que fazem ou fizeram parte da história do local. Por anos, membros da SAVMZ buscaram por empresas interessadas em apoiar os projetos de revitalização da vila.
![No local há vários exemplos de falta de investimento em restauro histórico](https://gazetavirtual.com.br/wp-content/uploads/2015/08/falta-de-restauro_Geral-Vila-Maria-Zelia-arquivo-500x333.jpg)
QUESTÕES
Visto quase não terem ocorrido mudanças no local, esta Gazeta contatou o INSS para obter respostas sobre sua responsabilidade no lugar e como a área tem sido administrada. Além disso, a reportagem questionou a instituição sobre o apoio de órgãos ligados à conservação do patrimônio histórico. Indagou se eles ajudam de alguma forma.
Este semanário ainda levantou questões relacionadas às construções tombadas e ao fato de que aproximadamente 70% das casas perderam suas características originais.
O OUTRO LADO
De acordo com a assessoria do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), os imóveis da Vila Maria Zélia, pertencentes ao órgão, estão localizados na Rua Mário Costa, números 13/14/18/19/20, e na Rua Adilson Farias Claro, números 4, 46-A, 88 e 126.
Segundo a assessoria, como o INSS não pode ceder ou doar esses imóveis, o Instituto vem tentando vendê-los a órgãos públicos, tendo em vista não poderem ser oferecidos à iniciativa privada.
O órgão revelou, ainda, que a Previdência não dispõe de verbas para restauração desse patrimônio, pois os recursos disponíveis são prioritariamente aplicados na conservação e manutenção dos imóveis que estão em uso pelas unidades de atendimento ao público, que são em grande número no País.
Com relação ao apoio de órgãos de conservação de patrimônio, como IPHAN, Conpresp, Condephaat e DPH, o INSS esclareceu que tenta manter os imóveis sob sua responsabilidade dentro de suas possibilidades. Quanto aos demais imóveis da vila, o Instituto ressaltou não ter nenhum encargo sobre eles por já pertencerem a terceiros.